A anilha, uma pequena argola, geralmente de metal, fixada na perna de aves, é muito mais do que um simples identificador, possui um número único, como um RG (Registro Geral); é uma ferramenta fundamental na conservação e monitoramento dos animais silvestres. Essa prática, essencial para o estudo e a proteção de diversas espécies, permite que cientistas e conservacionistas acompanhem a vida, os hábitos e o deslocamento de aves ao longo dos anos. Exemplos marcantes da importância desse método podem ser observados em duas histórias recentes que envolvem os albatrozes e que a Aiuká traz para você!
Wisdom: a fêmea albatroz-de-Llaysan que desafia o tempo
Wisdom, uma fêmea de albatroz-de-Laysan (𝘗𝘩𝘰𝘦𝘣𝘢𝘴𝘵𝘳𝘪𝘢 𝘪𝘮𝘮𝘶𝘵𝘢𝘣𝘪𝘭𝘪𝘴), é um dos exemplos mais extraordinários do impacto positivo que a anilha pode ter no estudo de aves migratórias longevas. Anilhada pela primeira vez em 1956 pelo U.S. Fish & Wildlife Service em uma reserva no Havaí, Wisdom é considerada a ave selvagem mais velha do mundo, com cerca de 72 ou 73 anos. A anilha Z333, que acompanha Wisdom ao longo de sua vida, tem permitido que os cientistas monitorem sua longevidade e comportamento reprodutivo. Até hoje, estima-se que Wisdom tenha posto entre 50 e 60 ovos, gerando aproximadamente 30 filhotes.
Essa história reforça a importância do anilhamento e outras técnicas de seguimento, indo além do simples registro; é um testemunho da capacidade de sobrevivência e da resistência das espécies. Wisdom não é apenas uma ave; ela é um símbolo de longevidade, resiliência e a prova viva de como a ciência pode acompanhar e proteger a fauna ao longo de décadas.
Resgate, reabilitação e soltura de albatroz-de-nariz-amarelo no Rio de Janeiro
Recentemente, a Aiuká foi acionada por um cliente para resgatar um jovem albatroz-de-nariz-amarelo (𝘛𝘩𝘢𝘭𝘢𝘴𝘴𝘢𝘳𝘤𝘩𝘦 𝘤𝘩𝘭𝘰𝘳𝘰𝘳𝘩𝘺𝘯𝘤𝘩𝘰𝘴), uma espécie ameaçada de extinção. A ave foi avistada em uma embarcação de apoio offshore, incapaz de voar, o que gerou a necessidade imediata de intervenção. O resgate foi realizado através do PMAVE – Projeto de Monitoramento de Impactos de Plataformas e Embarcações sobre a Avifauna, atendendo a todos os critérios de boas práticas estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), que reforçam a importância da proteção de espécies ameaçadas em áreas de atividade humana.
O albatroz foi levado ao Centro Operacional do Rio de Janeiro (COP Aiuká RJ), em Rio das Ostras, onde passou por um minucioso processo de avaliação clínica. Após 10 dias de cuidados intensivos, que incluíram o acompanhamento físico, análises sanguíneas, radiografias e avaliação permanente da impermeabilização de suas penas, o albatroz foi anilhado e devolvido à natureza.
A anilha utilizada nesse albatroz servirá como identificador externo, permitindo que futuros avistamentos forneçam dados sobre sua sobrevivência, deslocamento e comportamento. Este ato marca a continuação da vida desse jovem albatroz e sublinha a importância das ações de monitoramento, resgate e tratamento na preservação das espécies ameaçadas utilizando os melhores procedimentos.
Fotos: Timiris Rodrigues / Aiuká
Albatrozes: Gigantes dos céus marinhos
Além dessas histórias de sobrevivência, os albatrozes são aves fascinantes por diversos motivos. Com envergaduras que podem atingir até 2,05 metros, essas aves marinhas migratórias são conhecidas por sua capacidade de planar por longas distâncias, economizando energia durante seus voos que podem superar 800 km em um único dia. Porém, enfrentam diversas ameaças ao longo do caminho, incluindo a captura acidental em diversos tipos de pesca.
Existem 22 espécies de albatrozes no mundo, das quais seis sobrevoam as águas do Brasil. A longevidade dessas aves, como demonstrado pelo exemplo de Wisdom, pode superar os 70 anos, tornando a proteção dessas espécies ainda mais importante.