O desafio global das mudanças climáticas e a perda acelerada de biodiversidade estão intrinsecamente conectados. As evidências trazidas pelos especialistas são incontestáveis. As mudanças climáticas exercem influência direta sobre a perda da biodiversidade que, por sua vez, ameaça a destruição dos ecossistemas que sustentam a vida neste planeta. Esgotado, o meio ambiente padece: queimadas, secas, enchentes, entre tantas outras calamidades. A catalisação desse descompasso ambiental é notável, e hoje, vivida cada vez mais intensa e drasticamente pela sociedade.
O chamado é claro e urgente: proteger e restaurar populações de fauna silvestre é uma das melhores soluções baseadas na natureza para combater as mudanças climáticas.
Um relatório da IFAW (International Fund for Animal Welfare) destaca o papel fundamental da fauna silvestre como “heróis não reconhecidos” da ação climática. Por isso, é importante entender como os animais são essenciais nas estratégias climáticas globais:
Eles atuam como “engenheiros do ecossistema”, aumentando substancialmente a capacidade desses ambientes em capturar e armazenar carbono. A proteção e restauração de populações específicas poderia capturar mais de 95% do CO² necessário anualmente para manter o aquecimento global abaixo do limite de 1,5°C. No entanto, menos de 3% dos compromissos relacionados à fauna silvestre foram orçados nas NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada, em português), subtraindo a esperança de salvaguardar e direcionar dos recursos necessários para subsidiar essas iniciativas.
As políticas adotadas, em sua maioria, reativas no enfrentamento dos efeitos deletérios resultantes das mudanças climáticas, ameaçam colapsar. A biodiversidade precisa ocupar uma cadeira estratégica na cúpula do clima. Para isso, se faz necessário um apelo direcionado às partes envolvidas na UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change) e no IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em que se destaca a ausência significativa de interesse para a fauna silvestre nas negociações, políticas e planos de ação climática.
Incluir a conservação da fauna silvestre nas estratégias climáticas globais, alocar recursos financeiros significativos e reconhecer os animais selvagens como aliados fundamentais na luta contra as mudanças climáticas são passos fundamentais para alcançar metas climáticas e de biodiversidade de maneira integrada e acelerada. O chamado final é inegociável: é hora de agir.